Dificuldades do ego

Dificuldades do ego

Característica iniludível de imaturidade psicológica do indivíduo, é a sua
preocupação em projetar o próprio ego.
Atormentado pela ausência de valores pessoais, quão inseguro no
comportamento, apega-se às atitudes afugentes da autopromoção, passando a
viver em contínua inquietação, porque sempre insatisfeito.
Afirmou Freud que o sofrimento é inevitável, considerando os grandes
problemas que aturdem os seres nas várias expressões em que se
exteriorizam.
De fato, a transitoriedade da vida física responde pela morte rápida da
ilusão e pela destruição dos seus castelos, produzindo lamentáveis estados
emocionais naqueles que se lhes agarram com todas as veras. Logo
percebem-se de mãos vazias, sem qualquer base em que apóiem e firmem as
aspirações que acalentam.
As diversas enfermidades e as variadas frustrações, que se radicam no
ego, têm, porém, uma historio-grafia muito larga, transcendendo a existência
atual, remontando ao passado espiritual do ser.
Não conhecendo a gênese das mesmas, o indivíduo centraliza, nas
necessidades de afirmação da personalidade, os seus anseios, derrapando nas
valas da projeção indébita do ego.
Quando não se consegue aparecer através das realizações edificantes,
mascara-se, e promove situações que vitaliza no íntimo, desde que chame a
atenção, faça-se notar.
Em alguns casos, vitimado por conflitos rudes, elabora estados narcisistas
e afoga-se na contemplação da própria imagem, em permanente estado de
alienação do mundo real e das pessoas que o cercam.
Patologicamente sente-se inferiorizado, e oculta o drama interior partindo
para o exibicionismo, como mecanismo de fuga, sustentando-se em falsos
pedes-tais que desmoronam e produzem danos psicológicos irreparáveis.
A criatura que não se conhece, atende ao ego, buscando tornar-se o
centro das atenções mediante tricas e malquerenças, que estabelece com rara
habilidade, ou envolvendo-se nos mantos que a tornam vítima, para, desse
modo, inspirar simpatia, colimando o objetivo de ser admirada, tida em alta
conta.
Toda preocupação que se fixa, conduzindo a autopromoção, constitui sinal
de alarme, denunciando manifestação dominadora do ego em desequilíbrio,
que logo gerará problemas.
A conscientização da transitoriedade da existência física conduz o ser ao
cooperativismo e à natural humildade, tendo em vista as realizações que
devem permanecer após o seu desaparecimento orgânico.
Por outro lado, o autodescobrimento amadurece o ser, facultando-lhe
compreender a necessidade da discrição que induz ao crescimento interior, à
plenitude.
Toda vez que alguém se promove, chama a atenção, mas não se realiza.
Pelo contrário, agrada o ego e fica inquieto observando os competidores
eventuais, pois que, em todas as pessoas que se destacam vê inimigos, face
ao próprio desequilíbrio, assim engendrando novas técnicas para não ficar em
segundo plano, não passar ao esquecimento.

O tormento se lhe faz tão pungente e perturbador que, em determinadas
áreas das artes, criou-se o brocardo: Que se fale mal de mim; mas que se fale,
numa asseveração de que a evidência lhes preenche o ego, mesmo quando é
negativa.
A Psicologia Transpessoal, diante de tal estado, propõe uma revisão dos
conteúdos da personalidade, do ego, estabelecendo, como fator essencial no
processo da busca da saúde, a conquista do ser pleno, realizador,
identificando-se preexistente ao corpo e a ele sobrevivente, sem o que a vida
se lhe torna, realmente, um sofrimento inevitável.
Nas faixas da evolução mais densa, em que estagia a grande mole
humana, o sofrimento campeia, por ser uma forma de malho e de bigorna que
trabalham o indivíduo, nele insculpindo o anjo e arrancando-lhe o demônio do
primitivismo aí predominante.
Ciúme, ressentimento, inveja, ódio, maledicência e um largo cortejo de
emoções perturbadoras são os filhos diletos do ego, que deseja dominação e,
na ânsia de promover-se, nada mais logra do que projetar a própria sombra,
profundamente prejudicial, iníqua.
A superação dessa debilidade moral, dessa imaturidade psicológica
ocorrerá, quando o paciente, de início, vigiar as nascentes do coração,
conforme propôs Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, realizando um trabalho de
crescimento emocional e uma realização pessoal plenificadores.
Qualquer escamoteamento da situação mórbida constitui risco para o
comportamento, face aos perigos que são produzidos pelos problemas do ego
dominador.

Fonte: “Livro O Ser Consciente” – Divaldo Franco/ Joanna de Ângelis

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